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Marina vira principal alvo de ataques em debate

Publicado em 02/09/2014 Editoria: Eleições Comente!


foto: Divulgação

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De alvo prioritário dos adversários, Dilma passou à condição de uma das principais críticas de Marina durante o programa. No entanto, a petista não ficou livre das estocadas de Aécio sobre temas como a corrupção na Petrobras.

O segundo debate de 2014 entre os presidenciáveis, promovido nesta segunda-feira (1º) pelo SBT em parceria com o UOL, a Folha de S. Paulo e a Jovem Pan, teve ao menos uma diferença significativa em relação ao primeiro,realizado pelo Grupo Bandeirantes na última semana: a candidata Marina Silva (PSB) passou a dividir com a presidenta Dilma Rousseff (PT) a condição de alvo prioritário de ataques dos demais adversários.

É uma sinalização da mudança de estratégia operada pelas campanhas petista e tucana diante da ascensão de Marina no pleito. Além disso, Aécio Neves (PSDB), antes o segundo lugar na corrida presidencial, perdeu espaço também na sistemática de perguntas do debate, sendo pouco acionado para dar respostas aos concorrentes.

Alçada à condição de favorita nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, inclusive com vitória sobre Dilma em hipótese de segundo turno, Marina teve de confrontar questões que começam a preocupar seu núcleo de campanha.

Serviram de munição aos concorrentes o recuo em propostas de seu recém-lançado programa de governo, a falta de uma coligação partidária suficiente para governar e a crítica sobre falta de transparência em sua atividade de conferencista mundo afora, com palestras cujos valores e contratantes são mantidos em sigilo – trabalho que lhe rendeu R$ 1,6 milhão em três anos (72 palestras remuneradas), segundo reportagem da Folha publicada ontem (31).

Na primeira pergunta do debate, Dilma provocou Marina a responder sobre um dos temas cruciais em campanhas eleitorais, atrelando-o às restrições do Produto Interno Bruto (PIB). “Candidata, a senhora diz que vai antecipar 10% do PIB para a educação – 70 bilhões [de reais]; 10% da receita bruta para a saúde – 40 bilhões; passe livre estudantil – 14 bilhões; mais dinheiro para os municípios – 9 bilhões. E várias outras promessas. Todas essas suas promessas dá [sic] 140 bilhões. Onde a senhora vai arranjar o dinheiro para cobri-las?”, quis saber a candidata petista.

Marina respondeu com críticas à atual gestão petista. “Em primeiro lugar, não são promessas, são compromissos”, rebateu a ex-senadora.

“E esses compromissos serão assumidos a partir dos esforços que iremos fazer para que nosso país volte a ter eficiência no gasto público. Hoje, temos um desperdício muito grande dos recursos públicos, inclusive em projetos que estão desencontrados.” Dilma replicou com mais críticas. “A senhora falou, falou, mas não respondeu à pergunta: de onde vem o dinheiro? Quem governa, tem de dizer como vai fazer.”

Com duração de uma hora e 40 minutos, o debate reuniu apenas os candidatos cujo partido elegeu representantes na Câmara em 2010. Além de Dilma, Aécio e Marina, participaram do programa Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (Psol), Pastor Everaldo (PSC) e Levi Fidelix (PRTB).

Custo das palestras

Apesar dos questionamentos a Marina, Dilma não ficou livre das estocadas de Aécio sobre os casos de corrupção na Petrobras, por exemplo, nem das críticas generalizadas a respeito da “recessão técnica” do país e do mau desempenho de alguns indicadores econômicos. Aécio, por seu turno, foi relegado a um segundo plano entre os principais interlocutores do debate, ficando com menos tempo de fala em relação ao encontro anterior, na TV Bandeirantes, e repetindo os discursos de então.

Como não bastasse o tiroteio dos presidenciáveis, Marina foi defrontada com a questão das palestras pelo jornalista Fernando Rodrigues (Folha/UOL), que pediu Dilma como “comentarista” da resposta. Fernando quis saber se cláusulas de confidencialidade sobre palestras – que impedem a revelação sobre quais empresas a teriam contratado – são compatíveis com a “nova política” apregoada por Marina. Dilma comentou dizendo que a transparência é requisito necessário a quem exerce cargo público, inclusive no que tange à declaração de imposto de renda.

“Há que fazer uma separação da minha vida privada, como cidadã, do exercício de minha atividade profissional”, alegou a candidata do PSB, acrescentando que o segredo sobre contratos de palestras foi imposição das empresas. “Eu, particularmente, não tenho nenhum problema em que sejam reveladas as empresas que me contrataram. Até porque eu vivo honestamente daquilo que faço.” Marina contra-atacou com um desafio: que os dados dela referentes às conferências fossem confrontados com os dos ex-presidentes Fernando Henrique (PSDB) e Lula (PT).

“Não vejo nenhuma incompatibilidade em quem vive, honestamente, de seu trabalho e a renovação da política. Aliás, é porque quero renovar a política que nunca me submeti à lógica de ter que ficar buscando um cargo público poder sobreviver”, disse Marina, lembrando ter feito mais de 200 palestras gratuitamente, “por conta de minha militância socioambiental”, e que jamais cobrou por elas quando era parlamentar. “Uma coisa boa que poderia ter sido feita é um comparativo entre outras lideranças políticas que também fazem palestras de forma correta, honesta e legal, para que a gente não tenha dois pesos e duas medidas”, fustigou a candidata, citando os dois ex-mandatários.

“Vagabundos”

A exemplo do que aconteceu no debate da Band, os candidatos reservaram quase nenhum espaço em suas falas para a exposição de propostas concretas de governo. E, quando o fizeram, repetiram dogmas partidários já conhecidos pelos eleitores e ensaiados com as respectivas campanhas, de acordo com o desenrolar da disputa. Luciana Genro, por exemplo, insistiu na tese de que Marina, Dilma e Aécio são “gêmeos siameses” quanto à política econômica que defendem – o cuidado com o “capital financeiro, os interesses dos bancos, dos milionários” em detrimento dos anseios da população.

“A proposta do PSDB são migalhas para os aposentados”, atacou Luciana, depois de provocar Aécio sobre o fator previdenciário, instrumento redutor de aposentadorias que é, segundo ela, obra do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) com consecução garantida no atual governo. “Inclusive, ele [FHC] chegou a chamá-los de vagabundos. [...] Essa maldade com os aposentados é uma política que te unifica com o PT?”, quis saber do tucano, acrescentando que acabaria com o fim do fator e promoveria a vinculação da aposentadoria ao reajuste do salário mínimo.

“Repito o que disse no último debate: não sou o presidente Fernando Henrique, lamentavelmente. Agora, é importante que nós reconheçamos o caminho que percorremos para chegar até aqui. A senhora certamente concordará comigo que o Brasil de hoje é um Brasil melhor do que era há 15, 20 anos. Esse Brasil veio sendo [sic] construído com a responsabilidade e o trabalho de vários homens públicos de vários partidos, eu tenho capacidade de reconhecer isso”, discursou Aécio.

Risos e raiva

O debate teve também momentos de risos e indignação. Mais uma vez, a performance irreverente ficou a cargo do candidato do PV, Eduardo Jorge, que voltou a arrancar gargalhadas quando instado a comentar a fala de um indignado Levi Fidelix. Em resposta ao jornalista Kennedy Alencar (SBT/CBN), que mencionou o caráter de “legenda de aluguel” do PRTB – pela décima vez na disputa presidencial sem chances de vitória –, Levi negou com irritação a tese de oportunismo eleitoral de seu partido. Elevando o tom da voz, ele atribuiu a questão a uma “mídia vendida” que, em sua visão, tem no próprio Kennedy um de seus representantes.

Chamado a comentar a resposta do colega, Eduardo Jorge esquivou-se. “Bom… Eu não tenho nada a ver com isso”, declarou o candidato do PV, com as mãos erguidas em sinal de esquiva. “Eu vou aproveitar o meu minuto e dizer que o PV tem uma proposta para lá de ousada de reforma política, porque o PV é um partido democrático!”

Já o Pastor Everaldo, dizendo-se apoiador da livre iniciativa e da redução da maioridade penal, entre outros pontos, voltou a condenar o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a pregar a importância da família. “Se a família vai bem, a cidade vai bem, o estado vai bem, o Brasil vai bem”, disse o candidato-pastor, ao responder ao jornalista Fernando Rodrigues sobre denúncia de agressão a uma mulher, acusação da qual já teria sido absolvido “por unanimidade”. “Nunca agredi ninguém.”

 

 

› FONTE: Congresso em foco

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