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Projeto de lei visa a diminuição do índice de cesáreas

Publicado em 24/10/2014 Editoria: Saúde Comente!


foto: O parto humanizado, no Brasil, é uma nova forma de lidar com a gestante respeitando sua natureza e sua vontade

foto: O parto humanizado, no Brasil, é uma nova forma de lidar com a gestante respeitando sua natureza e sua vontade

Há dois anos, quando descobriu que seria mãe, Janaína Salvador tinha certeza que não faria parte dos 52% de mulheres que optam pelo parto cesárea, índice que o projeto de lei 7633/2014 pretende diminuir.

O PL, que aguarda parecer do relator da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, dispõe sobre a humanização da assistência à mulher e ao bebê durante a gravidez. Ao contrário da maioria das mães, Janaína optou pelo parto humanizado, teve uma gravidez planejada e assistida pela figura da doula - acompanhante de parto responsável pelo conforto físico e emocional da mãe.

A Organização Mundial da Saúde aconselha que apenas de 5% a 15% do total de partos de um país sejam cesáreas. No Brasil, esse índice chega a 88% entre o público formado por mulheres atendidas em hospital privado e por meio de plano de saúde.

O projeto de lei, de autoria do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), propõe que uma comissão fiscalize as instituições, para que esse índice não ultrapasse 15%. A implantação do parto humanizado e o fim da violência obstétrica também faz parte do projeto.

Antes de engravidar, Janaína conheceu a palavra doula, pediu indicações de médicos e se informou sobre o parto humanizado -que direciona toda atenção às necessidades da mulher e lhe dá o controle da situação na hora do nascimento. Janaína deu à luz na sala de parto humanizado do Hospital Ilha, clínica particular de Florianópolis. O parto aconteceu em uma banheira e ela foi a primeira a tocar no filho Augusto, que mamou na primeira hora de vida. “Hoje tenho certeza que toda essa preparação foi fundamental, faria tudo de novo, da mesma maneira”. Para ler o relato de parto de Janaína clique aqui.  

fotos: Augusto nasceu com mais de 24 horas de bolsa rota - Acervo Pessoal 

Cristina Melo, doula há quatro anos e meio, irá completar no final do ano 300 acompanhamentos em partos. Ela conta que “a doula prepara a gestante e o casal, durante a gestação, passando informações, e mostrando as opções que existem. No parto, ela ajuda a mulher a lidar com a dor de forma natural. Ela se sente apoiada, segura, e tem informação baseada em evidências científicas, para tomar decisões e opta por ter um parto o mais natural possível”.

Pesquisas mostram que o parto em que uma doula está presente tende a ser mais rápido e necessitar de menos intervenções médicas. “As formas farmacológicas, trazem riscos a mãe e ao bebê. Quando a mulher opta por uma analgesia peridural, ela corre mais riscos do que se o parto fosse natural, e aumenta a chance de intervenções”, esclarece Cristina. Quando o parto evolui para uma cesárea, a doula continua apoiando a mulher e junto da equipe, vai minimizar o trauma do nascimento tanto para a mãe quanto para o bebê. “A cesárea necessária pode e deve ter uma assistência humanizada”, acrescenta.

foto: Acervo Pessoal 

De acordo com a pesquisa “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento” divulgada em maio deste ano, 28% das mulheres começam o pré-natal querendo a cesárea, enquanto a média mundial é de 10%. Dados da Rede Cegonha de Santa Catarina mostram que dos 3.859 bebês nascidos vivos em Florianópolis neste ano, 47% nasceram por parto normal e 53% nasceram por parto cesariano. 

Não era seu desejo, mas Tatiana Koerich acabou fazendo parte de 52% das mulheres que dão à luz por cesariana. Após 41 semanas de gravidez e a bolsa não estourar, Tatiana teve que tomar medicação a cada seis horas para induzir o parto e conceber Yuri com intervenção cirúrgica. A gravidez de Tattiana ultrapassou as 40 semanas indicadas para um parto natural, além disso, Yuri nasceu com mais de quatro quilos e 42 centímetros.

Para ela, a cesariana foi a melhor escolha na situação. Tatiana acredita que sentir as dores do parto faz parte da natureza humana, mas “muitas mulheres não têm preparo psicológico ou físico para enfrentar horas assim. A escolha de como dar à luz deve ser da mãe.”

foto: Seis dias após o parto, mãe e filho já estavam fazendo compras no supermercado - Acervo pessoal

Benefícios do parto humanizado

Humanização significa devolver o protagonismo da mulher. O parto humanizado é um parto normal que entende que cada mulher e bebê são únicos. A mulher deve ser ouvida: seus desejos, como ela quer o parto, o que ela não quer no parto, como ela deseja receber seu bebê.

 No parto humanizado as mulheres optam por ter o bebê num local que passe segurança e conforto.  O parto pode acontecer no hospital ou no domicílio. No hospital, a mãe não é submetida a intervenções desnecessárias, tem seus desejos respeitados. Ela pode escolher parir na banheira, que seu bebê vá imediatamente para seu colo, e que só seja examinado pelo pediatra após o cordão umbilical parar de pulsar.

Cuidados como o contato pele-a-pele, clampeamento tardio do cordão já foram estudados e tiveram seus benefícios comprovados. (Fonte: Cristina Melo)

 

Por Larissa Gaspar 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)

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