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Eleitores com menos de 18 anos são apenas 63 mil em todo o estado

Publicado em 24/07/2014 Editoria: Política Comente!


foto: Divulgação

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Dados do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) apontam que o Estado tinha, até 1º de julho, 63.787 jovens com 16 ou 17 anos de idade aptos a votarem nas eleições deste ano, o que corresponde a 1,31% do eleitorado catarinense.

Embora o voto para quem tenha menos de 18 anos não seja obrigatório, o número é considerado pequeno, já que, segundo censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população catarinense nessa faixa etária supera as 500 mil pessoas.

Além do voto facultativo, o aparente desinteresse dos jovens pela política pode explicar o pequeno número de eleitores adolescentes. Para Valmir dos Passos, professor de Ciências Sociais da Unisul, mesmo as manifestações do ano passado não aumentaram o interesse dos jovens pelo processo eleitoral.

“A crítica que podemos observar nesse grupo social é muito despolitizada, que demonstra muito pouco conhecimento da forma como funciona o sistema político eleitoral. Há uma repulsa, mas dentro dela há um vazio, sem conteúdo ou consistência. É preciso conhecer mais. A crítica se qualifica na medida em que se conhece o que se está analisando. E não é isso o que se verifica. O jovem conhece muito pouco sobre política”, acredita.

O professor considera que essa descrença também é motivada pelos problemas no sistema educacional e pela mídia, que tende a focar sempre nos aspectos negativos da classe política, sem destacar os pontos positivos.

“Evidente que temos muitos problemas, temos muitos políticos que não honram a cadeira que ocupam. Mas acredito que há uma sobrevalorização de aspectos negativos e ao mesmo tempo deixa-se de dar o devido valor ao trabalho institucional dos poderes constituídos. Acho que a mídia faz muito isso e as escolas muito pouco no sentido de demonstrar o contrário, o quanto é importante o funcionamento das instituições”.

“Falta informação”

Presidente do Grêmio Estudantil de seu colégio, o adolescente Giriel Ismail, 17 anos, estagiário do Programa Antonieta de Barros (PAB), da Assembleia Legislativa, não conseguiu tirar o título de eleitor dentro do prazo. Envolvido nas tarefas do dia a dia como estágio, escola e curso, ele não encontrou tempo. Giriel reclama da falta de informação e de campanhas de incentivo. 

“É fácil ver milhares de propagandas na televisão mais nenhuma que incentive e conscientize os jovens da importância do voto”, alerta ele, que sente a falta de uma política de incentivo permanente que envolva a juventude na agenda política e eleitoral.

“É muito fácil fazer isso em período de eleição, mas depois que passa não importa mais a participação da juventude. Por isso eu acho muito bom fazer projetos ou grupos para atrair mais jovens para a política. Juventude gosta de debater entre si, mostrando seus ideais e como fazer para ter um futuro melhor”, ressaltou ele, que passou a se informar melhor sobre política depois que ingressou no programa de estágios da Assembleia Legislativa. 

Giriel acredita que a política pode ser um instrumento de mudança social e os jovens poderiam ocupar mais espaços dentro deste universo. “Descobri que sem política nada funciona e o país não se desenvolve. É raro você ver um jovem deputado ou vereador”, observou. 

Consciência

O título de eleitor foi como um presente de aniversário para a também estagiária do PAB Ana Luiza Avila Tenfen, 17 anos. Ela completou 16 anos num domingo e na segunda-feira se dirigiu ao cartório eleitoral de Biguaçu, na Grande Florianópolis, para tirar o título.

“O voto é uma conquista importante, por isso fiz questão de tirar o título assim que fiz 16 anos”, explica Ana Luiza. “Com o meu voto eu posso fazer as mudanças que tanto quero para o país”, afirma a estagiária, que pretende se formar em Direito e ser juíza.

Campanha
Em outubro do ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou uma campanha para incentivar os jovens entre 16 e 17 anos a titarem o título. Com o mote "Vem para a urna", a iniciativa pegou carona numa das frases que ficou marcada durante os protestos de junho de 2013 ("Vem pra rua"). 

A campanha também teve o objetivo de fortalecer a cidadania, estimulando a participação do eleitor jovem nos rumos da política nacional, primeiramente por meio do voto consciente, em candidatos com a ficha limpa e, em seguida, com ações de fiscalização da atuação de seus representantes.

À época, o desembargador TRE-SC, Luiz Cézar Medeiros, destacou a necessidade de ações que procuram incentivar a conscientização dos eleitores devem ser implementadas desde cedo, começando pela escola. “É essencial que o jovem, com seu pensamento crítico, participe politicamente na escolha de seus representantes.

E para que eles o façam da melhor maneira, é preciso que a escola, através de seus educadores, seja um instrumento de conscientização para esses alunos, inspirando-os a desenvolver plenamente sua cidadania. Além disso, ao adquirir o título de eleitor o jovem ganha maior legitimidade para criticar aqueles que ajudou a eleger”, opinou.

 

 

 

› FONTE: ALESC

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