A dificuldade e o desconforto das mulheres durante a relação sexual, um exame ginecológico ou a introdução de um absorvente interno no canal vaginal não devem ser ignorados, sobretudo, se acompanhados de dores. Essa situação, que costuma ser normalizada pela sociedade, pode ser sintoma do vaginismo. Por isso, a informação correta é o caminho para o diagnóstico e o tratamento.
O Ministério da Saúde define o vaginismo como “um espasmo involuntário da vagina, geralmente, de origem emocional”. A intensa contração dos músculos é capaz de tornar dolorosa e, por vezes, impossível a penetração. O vaginismo é caracterizado como uma disfunção sexual feminina.
Segundo a Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (SBRASH), o medo da dor e a ansiedade estão entre os principais gatilhos para este reflexo involuntário da musculatura vaginal, que pode ter causas diversas.
O estudo “Implicações do Vaginismo no Cotidiano das Mulheres”, realizado por pesquisadoras brasileiras e publicado na revista científica da SBRASH, identificou a associação entre a disfunção e uma educação rígida da família. Outros fatores, como tentativas de penetração dolorosa ou violenta, lesões na região e doenças inflamatórias também podem influenciar.
De acordo com as autoridades de saúde, o vaginismo é prejudicial à saúde física e emocional da mulher. Por conta da disfunção, muitas evitam o acompanhamento ginecológico periódico, o que impede a prevenção e o diagnóstico precoce de várias doenças. Além disso, impacta na autoestima e nos relacionamentos interpessoais.
A fisioterapeuta pélvica especializada em disfunções sexuais, Débora Pádua, esclarece que o diagnóstico do vaginismo pode ser dado por profissionais de ginecologia, fisioterapia ou psicologia. “É preciso avaliar quais são as dificuldades apresentadas pela paciente e desde quando elas ocorrem.”
Segundo a especialista, o vaginismo pode ser primário, quando a dificuldade ocorre desde a primeira relação sexual, ou secundário, quando acomete a mulher que já tem a vida sexual ativa. “A dor pode ou não ser um sintoma. Grande parcela das pacientes que têm vaginismo vem acompanhada pelo medo, inclusive de ser tocada”, informa a especialista.
Por isso, o tratamento para o vaginismo deve ser multidisciplinar. Uma vez diagnosticado, é preciso cuidar dos impactos no dia a dia da mulher e das causas que originam o problema.
O acompanhamento com fisioterapeuta especializado na área é indicado para a redução das dores e do desconforto. A fisioterapia pélvica é um tratamento não invasivo, que não causa efeitos colaterais e é capaz de promover o fortalecimento (alterar fortalecimento por "relaxamento") muscular da região e a reabilitação do assoalho pélvico. Os resultados podem ser observados em curto prazo.
As consultas periódicas ao ginecologista são importantes para que a paciente consiga realizar os exames de rotina com a delicadeza e os cuidados necessários diante da condição que ela apresenta. De acordo com o histórico da paciente, ela também pode ser encaminhada para o acompanhamento psicológico para tratar as origens do problema.
Quando há dificuldade ou desconforto de manipulação da vagina, seja por dor ou medo, e isso prejudica o uso de absorvente interno, a aplicação de pomadas, a realização de exames ou a relação sexual, é necessário buscar orientação profissional.
O vaginismo tem cura. Quanto antes o tratamento for iniciado, maior será a qualidade de vida e o bem-estar da mulher.
› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)